Exercício de Ficção: Criar uma narrativa, aplicando a estrutura de cenas e sequências.

                                              A odisseia do café da manhã

  Eu acordei, querendo comer pão no café da manhã. Levanto-me da cama, me arrumo e parto em direção à padaria.
  No caminho, um terremoto, aleatório e curto, parte estrada que leva a padaria a meio, criando uma fenda. Eu preciso atravessar aquele buraco, pois desejo muito comprar pão. A fenda era escura, e parecia funda. Tenho medo medo. Será que conseguirei pular? Eu tomo impulso e pulo. Voando por cima da fenda, aterrizo do outro. Levanto, tiro a sujeira das roupas e continuo minha jornada.
  Um cachorro aparece e começa a latir em minha direção. Ele é preto, um pouco grande e seus latidos são altos.  Tenho medo do dele, e isso paralisa meus movimentos. Respiro fundo, tomo coragem e começo a circular o cão com cuidado. Finalmente, consigo passar pelo cão e chego a padaria. Entro no local, e falo:
  "Bom dia, me vê três reais de pão."
  O atendente, com olhos sinceros e firmes, fala: "Hoje não temos pão."
  Fico indignado! Como uma padaria não tem pão? Eu passei por um monte de maus bucados, e agora eu não posso nem comprar meu pãozinho? Agora, o que faço? Eu posso voltar para casa e não comer meu  café da manhã, mas não gosto nenhum pouco dessa opção. Poderia ir numa padaria mais longe. Não é o longe a ponto de eu perder a hora do café, mas o suficiente para ser irritante.
  Me ponho a caminhar em direção da padaria distante, em busca de meu café da manhã.
  No meio do caminho, percebo qual é a esquina que devo virar para encontrar a padaria. Devo perguntar a um estranho. Acho um senhor simpático e barbudo, sentado num bar. Pergunto-o:
  "Bom dia, senhor. Você sabe me dizer qual destas ruas se encontra a padaria?"
  "Claro que sim! É a segunda esquerda."
  "Muito obrigado."
  "Espere um momento moço," disse o senhor, "não pode me dar uma esmolinha, pra comprar meu almoço?" Sinto pena do velho, e lhe dou um real.
  Cheguei a padaria. Tinha um delicioso pão doce na vitrine, e decidi que ele seria meu café da manhã. Entregando o dinheiro à atendente, peço-lhe:
  "Me vê esse pão doce."
  "Falta um real." É a resposta que ela me dá.
  Sinto-me devastado. Se não fosse por aquele ato de caridade, eu poderia comer o mais incrível dos pães doces! Não poderia deixar passar, assim tão fácil. Eu fiz um grande esforço, merecia comer aquele pão doce. Não era hora de desistir.
  "Você não pode fazer um desconto? Esse é todo dinheiro que tenho!" Persisti com humildade.
  "Me desculpe, mas não posso fazer isso. Normas da casa."
  "Tem certeza?"
   A atendente acenou com a cabeça.
  Suspirando, reconheço minha derrota. Teria de comer aquele pãozinho sem graça. Estendendo a mão, ouço uma voz:
  "Aqui, agora você pode comprar", disse uma menina, tão linda quanto uma anja. Ela me entregava uma moeda de um real.
  "Você tem certeza?" Perguntei, não acreditando que me café da manhã salvo por um ser tão belo.
  "Sim, tenho. Eles são gostosos, não é justo você não provar só  por causa de um real."
  Meu peito se enche de alegria, e com um grande sorriso no rosto, agradeço-lhe. Ela sorri de volta, e seu sorriso derrete  meu coração.
  Volto para casa, com um pão doce na sacola, e o sorriso da anja na minha memória. Não fora uma manhã ruim.

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